A primeira coisa que pensei quando as luzes piscarem e o elevador deu aquele tranco horrível foi: “é assim que eu morro”.
A segunda foi: “mamá vai me matar por ter mentido que não tenho medo de lugares fechados.”
O som metálico ecoou dentro da cabine, e eu senti meu coração se teletransportar direto para a garganta. A luz de emergência acendeu, aquele tom amarelado e nada tranquilizador, e eu fiquei congelada no canto, abraçando minha sacola de marmita como se fosse um colete salva-vidas.
— Por favor, por favor, por favor... — comecei a murmurar, primeiro em português, depois no meu espanhol atropelado de pânico. — Dios mío, no puede ser, no puede ser... ¡Que alguien me saque de aquí!
— Calma. — Uma voz masculina ecoou ao meu lado. Grave, firme e irritantemente tranquila. — O elevador só parou. Acontece às vezes.
Só aí eu lembrei que não estava sozinha.
Virei a cabeça devagar, como se estivesse em um filme de terror, e encontrei um homem encostado na parede oposta. Um homem de terno.