O ar úmido de São Paulo me envolveu como uma nuvem morna assim que atravessei as portas automáticas do aeroporto. O som dos carros, os gritos de taxistas, o cheiro de gasolina e pão de queijo fresco se misturavam num turbilhão caótico que parecia gritar: bem-vinda ao Brasil, Serena.
Depois de doze horas de voo, eu me sentia um borrão de cansaço, empolgação e saudade. Segurei com força a alça da mochila, meu amuleto de coragem, e procurei por um rosto familiar. Foi então que vi — pequena, enérgica e com um lenço colorido no cabelo — tia-avó Joana, a irmã mais velha da minha avó Isa.
— Serena! — ela gritou, abrindo os braços no meio do saguão, sem a menor cerimônia. — Meu Deus, você é a cara da sua mãe!
Antes que eu pudesse responder, fui engolida pelo abraço dela, um misto de perfume de lavanda e afeto guardado por décadas.
— Que bom te ver, tia — murmurei, sorrindo. — Achei que ia me perder nesse aeroporto.
— Se perdesse, eu fazia a Aeronáutica inteira te achar — ela respondeu, rindo.