O aeroporto parecia um lugar comum naquela manhã, mas para mim, cada passo em direção à sala de desembarque tinha um peso diferente. Eu não estava indo apenas buscar minha mãe. Eu estava indo buscar parte de mim que eu tinha enterrado junto com as memórias da infância. O barulho das rodas das malas, os anúncios nos alto-falantes, as pessoas se abraçando ao meu redor… tudo isso era só pano de fundo para a ansiedade que me corroía por dentro.
Quando a vi atravessando as portas de vidro, meu coração parou por um instante. Ela estava mais envelhecida do que eu lembrava, com marcas profundas ao redor dos olhos e cabelos que já misturavam fios brancos ao castanho. Mas havia algo no olhar dela — aquele mesmo brilho materno que eu guardei na memória quando criança — que fez minhas pernas se moverem antes que eu pudesse pensar.
Ela largou a mala no chão e me abraçou com uma força quase desesperada. O cheiro dela, uma mistura de perfume floral suave e lembranças esquecidas, me atingiu em cheio.