Eu já tinha perdido a conta de quantas vezes subi e desci aquelas escadas carregando malas, pacotes e brinquedos. Giulia estava no quarto, guardando as últimas roupinhas de Serena e separando o que ficaria no apartamento. Eu me ofereci para levar o lixo e pegar a correspondência — qualquer desculpa para esticar as pernas e ganhar alguns segundos para processar tudo que estava acontecendo.
Descer carregando um saco preto de lixo não era exatamente uma cena romântica, mas o simples fato de estar ajudando ela me fazia sentir… parte. Parte da vida dela. Parte da vida da nossa filha. Parte de algo que eu não queria perder nunca mais.
No hall do prédio, o cheiro de desinfetante misturado com café velho vinha da portaria. O porteiro me cumprimentou com um aceno rápido. Segui até o espaço das caixas de correio, enfiando a chave enferrujada no compartimento com o número do apartamento dela. Peguei algumas cartas amassadas, panfletos e uma conta de luz. Foi aí que notei.
No fundo, dobrado com p