Quando abri a porta do apartamento, o som suave de risadas infantis e o cheiro familiar de sabonete infantil me atingiram antes mesmo que eu pudesse anunciar que tinha chegado. Larguei a pasta de documentos no sofá e segui o som até o banheiro.
A cena me acertou no peito como um soco — mas não de dor. Giulia estava ajoelhada ao lado da banheira, o cabelo preso de qualquer jeito, algumas mechas soltas coladas à pele úmida do pescoço. Ela sorria para Serena, que chutava a água com as perninhas, espalhando pequenas ondas pelo azulejo.
— Olha quem chegou, filha — ela disse sem me ver, a voz doce e cheia de vida.
Me encostei ao batente da porta, só observando. Por um momento, parecia que o tempo tinha voltado, como se nunca tivéssemos nos perdido um do outro. Mas também havia algo novo, um peso diferente — o peso de tudo que vivemos e do que ainda não dissemos.
— Vocês duas estão conspirando contra mim — falei, deixando minha voz grave o suficiente para chamar a atenção dela.
Giulia ergueu