Narrado por Brian
Eu não sei dizer se dormi depois da ligação do Artur. Talvez tenha apagado por exaustão, talvez só tenha ficado deitado, de olhos fechados, ouvindo o barulho do meu próprio coração tentando estourar as costelas. A frase dele ecoava como se tivesse sido tatuada no meu crânio: “Gregório é objetivo. Marcelo é teimoso. Bento é inevitável.”
Bento. Só o nome já parecia cortar o ar.
Quando a luz da madrugada começou a entrar pelas frestas da persiana, eu me sentei na cama devagar, como se qualquer movimento mais brusco fosse chamar atenção de algo, ou alguém, lá fora. Scarlett ainda dormia, o rosto sereno, cabelos bagunçados caindo sobre o travesseiro. Por um segundo, pensei em não acordar. Fingir que tudo ainda estava normal. Mas não estava. E não ia voltar a estar.
Levantei sem acender as luzes. Meu corpo se movia sozinho, em piloto automático. Puxei a mala grande do armário, abri as gavetas, e comecei a jogar dentro qualquer coisa que parecesse útil: roupas, documentos,