Narrado por Gregório
A noite estava gelada em Nova York, e a cidade tinha aquele brilho falso que engana qualquer um que não conhece a sujeira que vive por baixo. Eu estava encostado na janela do apartamento, olhando o reflexo das luzes nos prédios vizinhos, enquanto o pensamento batia sempre no mesmo ponto: Ava.
Peguei o celular no bolso, respirei fundo e disquei o número dela. O toque demorou uns segundos, mas quando a voz dela entrou na linha, eu senti algo dentro de mim relaxar.
— Gregório… — ela falou baixo, com aquele tom que sempre parece um abraço. — Você já chegou?
— Já. Cheguei faz pouco tempo. — respondi. — Mas preciso resolver umas coisas com o Marcelo e com o Bento antes de voltar. Assim que eu terminar, volto pra casa.
— Eu imaginei. — ela disse, a voz um pouco cansada. — E como você tá?
— Tô bem. — menti sem pensar muito. — E você? Como tá a gravidez? Tá tudo certo?
Ela sorriu do outro lado da linha. Eu podia ouvir na respiração dela.
— Tá sim, amor. Tá tudo bem.
Mas eu