Gregório
O relatório chegou antes do previsto.
Dante sempre entregava. E, dessa vez, entregou com gosto.
Ele entrou no escritório sem bater. Coisa que só ele podia fazer.
Dante: — Tá aqui.
Estendeu a pasta.
Grossa. Pesada. Lacrada.
Peguei.
A capa preta. Nome em vermelho:
Brian Montenegro.
Abri sem cerimônia.
As primeiras páginas eram o básico: identidade, CPF, endereço, histórico escolar, profissional, telefones, fotos.
Chato.
Limpo demais.
E ninguém é limpo demais.
Virei a próxima página.
Movimentações bancárias.
Foi aí que começou a fedentina.
Gregório: — Trinta mil depositados em dinheiro vivo na conta dele há dois meses.
Dante: — Isso não é nada. Vê os extratos seguintes.
Passei os olhos. A expressão fechando.
Gregório: — Ele não tem emprego fixo.
Dante: — Nem renda declarada.
Gregório: — E mesmo assim comprou um carro novo há três semanas. E pagou à vista.
Fechei a pasta por um segundo.
Levantei.
Fui até a estante. Peguei um copo. Gelo. Uísque.
Voltei.
Sentei. Bebi devagar.
Gregó