Gregório
A noite parecia quieta.
Mas Gregório já tinha aprendido faz tempo que o silêncio vinha antes das tempestades.
Desceu as escadas em silêncio.
Na sala, Ava dormia. Os olhos inchados, o corpo encolhido sob uma manta. Tinha chorado até apagar. Os dedos ainda apertavam o celular, mesmo desligado.
Gregório observou por alguns segundos.
Cada traço do rosto dela.
A fragilidade exposta.
O cansaço estampado.
E por dentro, um vulcão se acendia. Não de pena.
Mas de fúria.
De proteção.
De promessas que seriam cumpridas com sangue, se fosse preciso.
Subiu novamente.
Entrou no escritório.
Trancou a porta.
Acendeu apenas uma luminária baixa no canto da sala. A madeira escura e os móveis de couro tornavam o ambiente pesado. Como se até o ar fosse mais denso ali dentro.
Sentou à frente do tablet.
Desbloqueou.
Criou uma nova pasta.
Digitou o nome sem hesitar:
BRIAN.
Respirou fundo.
Discou.
O telefone tocou uma, duas vezes… até atender.
Dante: — Fala, chefe.
Gregório: — Preciso de um levantame