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Capítulo 5 - Tirou tudo de mim, até o chão.

Ava

O quarto era grande demais.

Cheiro de lençol caro, toalhas brancas dobradas com precisão, silêncio de hotel de luxo que só gente poderosa ocupa. E eu ali… com o vestido molhado no chão, uma camisa enorme cobrindo o corpo e a alma ainda doendo como se o altar tivesse me engolido viva.

Sentei na beirada da cama, com os joelhos grudados e os olhos fixos na janela.

Não chorava mais. Acho que não sobraram lágrimas.

Só o vazio.

A porta se abriu e ele entrou.

Gregório Hackman.

Terno impecável. Olhar cortante. A presença dele preenchia o ambiente de um jeito quase insuportável.

Ele não parecia um homem. Parecia uma sentença.

Gregório: “Se sentiu melhor?”

Ava: “Não é esse tipo de dor que passa com um banho.”

Ele parou diante de mim.

Não sorriu. Não fingiu gentileza.

Apenas me observou. Avaliou. Mediu cada parte quebrada do que sobrou de mim.

Gregório: “Você tem pra onde ir?”

Ava: “Tenho.”

Mentira. Eu tinha um apartamento. E um caos emocional me esperando lá dentro. Mas pelo menos era meu… ou era o que eu pensava.

Gregório: “Pode ficar aqui o tempo que quiser. Mas tem outra opção.”

Ava: “Qual?”

Ele passou a mão no bolso e tirou um pequeno cartão. Colocou na mesinha de cabeceira, como quem oferece uma arma carregada.

Gregório: “Pode vir morar comigo.”

A proposta ficou suspensa no ar como uma bomba prestes a explodir.

Levantei lentamente, abraçando o próprio corpo.

Ava: “Você é bonito demais pra querer uma mulher como eu.”

Ele não piscou.

Gregório: “Você acha que isso aqui tem a ver com beleza?”

Ava: “Acho que você é perigoso demais… e eu tô machucada demais.”

Gregório: “Exatamente por isso. Você foi deixada sozinha. Eu nunca deixo nada meu pra trás.”

Meu.

A palavra pesou no peito.

Ava: “Gregório… eu acabei de ser largada no altar. Eu não tô pronta pra outro homem entrar e bagunçar o pouco que me resta.”

Ele se aproximou devagar. O coração batia descompassado.

Gregório: “Então leva isso.”

Apontou para o cartão.

Gregório: “Se alguém te encostar, te ameaçar, te machucar… me liga. Qualquer hora. Eu vou atender. E resolver.”

Peguei o cartão com as mãos trêmulas. O nome dele gravado em dourado. Apenas G.H. e um número com prefixo desconhecido. Um toque de classe e ameaça, tudo junto.

Ava: “Obrigada. De verdade.”

Ele apenas assentiu e saiu.

Sem mais uma palavra.

Como se já soubesse que o mundo daria um jeito de me empurrar de volta pra ele.

**

Peguei um táxi até meu apartamento.

A mesma fachada cinza, o mesmo elevador rangendo, o mesmo cheiro de corredor velho.

Tudo igual… até o momento em que um homem de terno malpassado me bloqueou na porta.

Oficial: “Você é Ava Lancaster?”

Ava: “Sim.”

Ele estendeu um papel.

Oficial: “Tem uma ordem de despejo no seu nome.”

A cabeça girou.

Ava: “O quê? Isso só pode ser um engano. Esse apartamento é meu!”

Oficial: “Está no nome do senhor Brian Hudson. E ele solicitou retomada imediata do imóvel.”

Ava: “Isso é impossível! Eu moro aqui há dois anos!”

Oficial: “Tem os documentos aqui. Pode conferir.”

Peguei o papel com mãos tremendo. E lá estava: escritura, contrato de cessão, reconhecimento de firma… tudo assinado por mim.

Pela Ava que amava. Que confiava. Que assinava o que ele pedia “só pra agilizar a parte burocrática.”

Ava: “Esse desgraçado me roubou…”

O oficial se afastou, constrangido.

Entrei no apartamento correndo, desesperada, e fui direto pro notebook. Acessei meu banco. Senha. Código.

Saldo: zero.

Cliquei nas últimas movimentações. Tudo transferido. Tudo limpo.

Cartão de crédito cancelado. Conta conjunta encerrada. Conta pessoal… bloqueada.

Levei as mãos à cabeça.

Um grito engasgado subiu pela garganta, mas não saiu.

Eu queria quebrar tudo.

Queria gritar, arrancar a pele, sumir.

Sentei no chão da sala, em meio a caixas que nem eram minhas.

Chorava como criança. Como mulher destruída. Como alguém que perdeu tudo.

Foi quando me lembrei do cartão.

Os dedos tremiam. Peguei o celular. Disquei o número.

Ele atendeu no segundo toque.

Gregório: “Fala.”

A voz dele era firme. Direta. Sem espaço pra hesitação.

Ava: “Você pode… você pode vir me buscar?”

Gregório: “Onde você tá?”

Ava: “Na minha casa… ou o que era pra ser. Brian… ele tirou tudo. Até o apartamento.”

Silêncio por três segundos. Depois, a pergunta veio carregada de fúria contida.

Gregório: “Você quer que eu mate aquele desgraçado?”

Engoli o choro. Tentei me recompor.

Mas não consegui.

Ava: “Não. Eu só quero sair daqui. Por favor.”

Gregório: “Tô a caminho.”

**

O carro preto estacionou na porta vinte minutos depois.

Gregório desceu, sozinho. Vestia um casaco escuro. A presença dele parecia dominar a rua inteira.

Quando me viu, ele não disse nada.

Só estendeu a mão.

Eu aceitei.

Entrei no carro em silêncio.

Ele esperou. Quando já estávamos a caminho, ele falou baixo:

Gregório: “Você confiou demais. A vida cobra isso.”

Ava: “Ele levou tudo. O dinheiro. O apartamento. Minha dignidade já tinha levado no altar.”

Gregório: “Agora ele não pode tirar mais nada. Porque agora… você tá comigo.”

Ava: “Isso é uma promessa?”

Gregório: “Não. Isso é uma ameaça pra quem tentar te tocar de novo.”

Olhei pela janela.

Chovia de novo.

Mas, por mais estranho que parecesse…

dentro daquele carro, ao lado de um criminoso perigoso, frio e odiado por toda Nova Iorque…

…eu finalmente me sentia segura.

**

Chegamos à casa dele pouco depois da meia-noite.

Ou melhor… mansão.

Seguranças armados. Portão de ferro. Câmeras girando. Tudo parecendo uma fortaleza.

Ele me levou direto pra dentro. Sem fazer perguntas. Sem exigir explicações.

No quarto reservado pra mim — mais luxuoso que qualquer lugar que já entrei — ele apenas disse:

Gregório: “Aqui ninguém entra sem minha ordem. Você dorme em paz. Amanhã, a gente decide o que fazer com seu ex.”

Ava: “Gregório…”

Gregório: “Sim?”

Ava: “Obrigada por não perguntar nada. E por vir.”

Ele se aproximou.

Tão perto que senti o cheiro da colônia dele. Amadeirada. Intensa. Masculina.

Gregório: “Você não precisa agradecer por isso. A partir de agora, Ava… você é problema meu.”

E ali, diante do homem mais perigoso da cidade…

eu chorei mais uma vez.

Mas não de dor.

De alívio.

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