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Capítulo 4 – Fraca demais pra este mundo.

Gregório

Ela parecia morta por dentro.

Molhada pela chuva. Suja de maquiagem. Vestida de noiva como se a vida tivesse decidido cuspir na cara dela.

E eu odiei sentir pena.

Não sou do tipo que sente.

Sou do tipo que manda cortar, queima vivo, desaparece com corpos e sorrisos.

Piedade não combina comigo.

Mas alguma coisa naquela mulher me parou.

O olhar perdido. O jeito como ela abraçava o próprio vazio.

Aquilo me incomodou.

Entrei naquele bar para fechar uma negociação.

Ia encontrar um colombiano que queria autorização pra operar no Harlem.

Mas ele atrasou.

E foi ali que eu vi… ela.

De costas pro mundo.

Com uma dose de tequila na mão.

E uma dor tão grande nos olhos que por um segundo eu senti — senti de verdade — que ela não devia estar ali. Não sozinha.

E esse foi meu erro.

Me importar.

Me aproximei sem pensar. Tirei o lenço do bolso. Estendi.

Ela sangrava no canto da boca. Mas dava pra ver que era por dentro que doía mais.

Gregório: “Você está sangrando.”

Ela tocou os lábios, surpresa. Respondeu com sarcasmo.

Uma mulher quebrada tentando manter pose.

Eu já vi muitas.

Mas nenhuma que me deixasse… curioso.

Ela se chamava Ava.

E mesmo destruída, havia algo nela que me chamou atenção. Uma espécie de dignidade na dor. Uma força enterrada embaixo de camadas de tristeza.

Ela agradeceu. Tentou sorrir. E depois decidiu ir embora.

Gregório: “Ela tá bêbada.” — comentei baixo.

Capanga (Marco): “Quer que a gente leve?”

Neguei com um gesto sutil.

Ela queria ir sozinha? Tudo bem.

Mas eu seguiria.

Mandei os carros acompanharem a uma distância segura. Eu fui no banco de trás, observando pela janela escura enquanto Ava cambaleava pelas ruas molhadas da cidade, como uma boneca rejeitada por Deus.

Ela não sabia, mas cinco homens armados protegiam cada passo dela.

Por quê?

Nem eu sabia responder.

Mas algo naquela mulher me dizia que se alguém encostasse nela…

Ia morrer.

E foi exatamente o que aconteceu.

Estávamos virando a esquina da 8ª com a 29ª quando o caminhão encostou.

Lento. Frio. Calculado.

Vi o homem descer.

Capuz. Rosto sujo. Faca na mão.

Ava não viu.

Mas eu vi.

E eu agi antes mesmo de pensar.

Gregório: “Para o carro.”

A porta já estava aberta antes que o motorista freasse.

Saquei a pistola no meio da rua, atravessei a chuva e caminhei até eles.

O homem encostou em Ava.

Homem: “Perdeu, vadia.”

Ele nem chegou a encostar direito.

Um tiro.

Seco.

No meio da cara.

Caiu com o corpo pesado no chão. Sem vida. Sem chance.

Ava gritou. Cambaleou, escorregou pra trás e quase caiu.

Eu segurei o braço dela.

Gregório: “Você vem comigo.”

Ela me olhou em choque.

Mas eu não esperei resposta.

Arrastei ela até o carro. Os capangas abriram a porta e eu a empurrei pra dentro, molhada, tremendo, branca como papel.

Ava: “Você matou um homem…”

Gregório: “Ele ia te matar primeiro.”

Ava: “Você nem pensou. Só... atirou.”

Gregório: “Penso depois. Reajo antes. Sempre funciona.”

Ela me encarava como se eu fosse um demônio.

E ela não estava errada.

Sou um monstro.

Apenas não costumo salvar pessoas.

Mas hoje… hoje eu abri exceção.

Mandei levá-la para um dos meus hotéis. Um andar inteiro reservado, sob nome falso.

Nenhum jornalista saberia. Nenhuma câmera registraria.

Ela tremia no banco ao meu lado.

Gregório: “Você precisa de banho. E descanso. E um médico.”

Ava: “E você precisa de alma.”

Sorri pela primeira vez.

Gregório: “Não preciso disso, Ava. Preciso de controle. E agora, você está sob o meu.”

Ela virou o rosto. Silêncio.

Mas eu vi.

Ela deixou.

Ela aceitou.

No hotel, levei ela direto pra suíte. Meus homens revistaram tudo antes. Eu entrei com ela, tirei o casaco molhado das costas dela e joguei no chão.

Gregório: “Você não vai voltar pra casa hoje. Nem amanhã. Vai ficar aqui.”

Ava: “Por quê? Vai me sequestrar?”

Gregório: “Se fosse um sequestro, você já estaria amarrada. Eu só tô… decidindo.”

Ava: “Decidindo o quê?”

Gregório: “O que fazer com você.”

Ela engoliu seco.

Gregório: “Toma banho. Tem toalha e roupa limpa no closet. Depois a gente conversa.”

Ela não se moveu.

Gregório: “Ou eu levo você até lá com as próprias mãos.”

Ela andou.

Demorou. Mas foi.

E eu fiquei ali.

No escuro.

Com a arma ainda quente na mão.

E o lenço sujo de maquiagem no bolso.

Uma mulher como ela não sobrevive no meu mundo.

Mas por alguma razão que nem o inferno explicaria…

…eu não tô disposto a deixá-la ir.

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