Ava
Demorei pra entender onde estava.
O teto era alto demais.
As cortinas fechadas deixavam a luz entrar em frestas suaves. Lençóis brancos, macios. Cheiro de madeira polida e perfume masculino. Por um segundo, pensei que fosse um sonho — ou um pesadelo disfarçado de alívio.
Então me lembrei.
Brian.
A ordem de despejo.
As contas vazias.
A ligação desesperada.
E Gregório.
Me virei devagar, o corpo ainda dolorido da noite anterior. Não fisicamente… mas por dentro. Como se as feridas estivessem em carne viva, costuradas com silêncio e tequila.
A cama em que dormi parecia saída de um hotel cinco estrelas. Mas era só um dos quartos da casa — ou melhor, da mansão — do homem mais perigoso de Nova Iorque.
Levantei devagar. Um robe de seda já estava à minha espera sobre a poltrona. Vesti com cuidado. Andei descalça até a porta, hesitei antes de abri-la. E quando abri…
Dois homens estavam do lado de fora.
Altos. Armados. Fardas pretas discretas, fones de ouvido, expressão neutra.
Capanga 1: “Bo