A manhã amanheceu estranhamente abafada em Santa Aurélia. O céu, de um cinza pesado, anunciava tempestade. Isabel não conseguiu dormir desde que lera a carta de Adriano. Aquelas poucas linhas não saíam da cabeça dela, martelando entre as horas: “Há uma conta que nunca foi encerrada. Um dia, alguém virá cobrar o que me tiraram.”
Na sala, Gabriel e Clara examinavam a correspondência com atenção.
— Ele não era um homem de metáforas — disse Clara, ajustando os óculos. — Se escreveu “conta”, é provável que falasse de dinheiro. Ou de algo guardado sob outro nome.
— Mas Adriano já estava falido quando morreu — comentou Gabriel. — Todos os bens foram confiscados.
— Os oficiais encontraram o que ele deixou ver — respondeu Isabel. — Adriano escondia segredos até de si mesmo.
Clara abriu o notebook.
— O banco citado aqui é o Banco Nacional de Valdívia. Eu posso acionar um contato de confiança lá. Se essa conta ainda existe, ela pode estar em nome de outra pessoa.
Gabriel olhou para Isabel.
— Ou