O amanhecer em Valdívia era cinzento e frio. O hospital, iluminado por lâmpadas frias, parecia um abrigo frágil diante da tempestade que se formava lá fora — e dentro do coração de Isabel.
Ela não havia dormido. Continuava sentada ao lado de Gabriel, observando o ritmo lento do monitor cardíaco. Cada bip era um lembrete de que ele ainda estava ali, lutando, respirando, voltando.
Do outro lado da porta, Clara conversava com dois policiais locais, tentando explicar o que sabia sem revelar mais do que devia. Havia medo em sua voz, mas também um fio de determinação. Ela sabia que a verdade era agora sua única proteção.
Quando Isabel se levantou para buscar um café, o corredor estava vazio. O som dos sapatos ecoava nos azulejos, e o cheiro de desinfetante parecia ainda mais forte. Foi então que sentiu a presença antes de vê-la.
Virou-se, e lá estava Adriano.
O homem parecia um espectro do que fora. O terno amarrotado, o rosto abatido, os olhos injetados de raiva e cansaço.
— Isabel… — diss