A noite caiu pesada sobre Valdívia. A mansão Monteiro, outrora palco de festas e aparências, agora guardava um silêncio incômodo. Adriano atravessava o salão principal com o olhar perdido, o copo de uísque nas mãos tremendo levemente. Desde o casamento de Isabel, parecia outro homem — inquieto, sombrio, perigoso.
Elena o observava da escada, vestida em um robe de seda vermelha. O sorriso no rosto era falso, uma tentativa desesperada de manter o controle. Havia algo em Adriano que ela não reconhecia mais.
— Vai ficar aí, se embriagando, enquanto todos falam de vocês dois? — provocou, a voz doce e venenosa ao mesmo tempo. — A cidade inteira comenta que Isabel agora é uma Ferraz.
Adriano virou-se devagar, o olhar frio.
— Cale-se, Elena.
Ela desceu os degraus, pisando firme.
— Eu devia calar? Depois de tudo que fiz por você? — aproximou-se, os olhos faiscando. — Deixei minha vida por você, Adriano. Fingi uma doença, menti para todos, te ajudei a destruir uma mulher — e por quê? Porque te