A madrugada em Valdívia parecia interminável. O hospital discreto, escondido em uma rua secundária, estava mergulhado em silêncio, exceto pelos ecos distantes de passos apressados. No interior da sala de cirurgia, o destino de Elena era disputado entre bisturis, tubos e vozes tensas de médicos que jamais imaginaram enfrentar tamanho risco em um procedimento que deveria ser simples.
Adriano esperava no corredor, andando de um lado para o outro, os olhos fixos na porta dupla. Cada segundo era um tormento. Ele não sentia medo pela vida dela em si, mas sim pela possibilidade de tudo ser descoberto — o aborto clandestino, o pagamento feito em segredo, a mancha que poderia arruinar de vez seu nome já combalido.
Até que, finalmente, a porta se abriu. Um médico de jaleco manchado de suor surgiu, o rosto abatido pela tensão.
— Senhor Monteiro, conseguimos estabilizá-la. Mas ela perdeu muito sangue. Está em estado crítico.
Adriano soltou o ar preso nos pulmões, entre alívio e frustração.
— Entã