O solar Ferraz estava em silêncio naquela noite, exceto pelo som distante da chuva que começava a cair. Isabel, cansada das conversas sobre Adriano e das notícias que circulavam pela cidade, decidiu se refugiar na biblioteca. O ambiente amplo, forrado de livros e com o aroma de madeira antiga, sempre lhe trazia uma sensação de calma.

Encontrou Gabriel ali, como já se tornara rotina. Ele estava de pé, diante da lareira acesa, lendo alguns papéis. Quando a viu entrar, colocou-os de lado e ergueu o olhar.

— Está tarde para passear pelos corredores — comentou, a voz grave mas suave.

— Não consigo dormir — admitiu Isabel, aproximando-se. — Quando fecho os olhos, parece que todos ainda estão me observando. Os comentários, os cochichos... nada me deixa em paz.

Gabriel a acompanhou com os olhos até que ela se sentasse em uma poltrona próxima à lareira. Caminhou até ela e serviu-lhe uma taça de vinho. Isabel aceitou, sentindo o calor da bebida espalhar-se pelo corpo.

— A cidade pode falar o qu