Na manhã seguinte ao confronto, Santa Aurélia fervilhava em rumores. O que acontecera no solar Ferraz já havia se espalhado, e cada boca dava sua versão. Nos cafés da praça central, nas varandas das casas antigas e até nas bancas de jornal, o assunto era um só: o embate entre Gabriel Ferraz e Adriano Monteiro.
— Dizem que ele invadiu o solar como um louco.
— E que Gabriel o enfrentou diante de todos.
— Isabel o rejeitou na frente de testemunhas…
Isabel escutava os ecos dessas conversas através dos próprios empregados, que comentavam em sussurros. A cada relato, sentia o peso da exposição, mas também uma estranha sensação de libertação. O que antes era segredo agora estava à luz do dia. Não havia mais espaço para meias verdades.
Na biblioteca, encontrou Gabriel cercado de documentos, como de costume. Ele ergueu os olhos ao notar a presença dela.
— Já ouviu as histórias? — perguntou, o tom mais brando do que de costume.
— Cada versão é mais dramática que a outra — respondeu, tentando so