Alberto
O motor do carro ainda rangia em suas engrenagens quentes quando Alberto desligou a ignição. O silêncio confortável entre ele e Samanta era preenchido apenas pelos estalidos do motor resfriando e o tilintar dos metais da chave sendo retirada do contato.
O jantar com Vitório fora, no mínimo, estranho. Lucila, sempre efusiva e sorridente, parecia deslocada. Desavisada, como quem foi arrastada para uma celebração sem saber que seria homenageada. E, de fato, foi. Vitório, com sua pose de patriarca calculista, anunciou Samanta como a futura noiva de Alberto em meio ao brinde, com o mesmo tom solene de quem declarava guerra ou fechava um contrato vitalício.
Lucila congelou. Samanta enrubesceu. E Alberto… apenas observou.
De volta ao refúgio da casa, Samanta falava como quem precisava preencher o vazio incômodo da noite. Tagarelava sobre Lucila, sobre a forma como a nova amiga se mostrou simpática e leve. O fato de Lucila ser muda, não impediu a comunicação entre elas.
Contou, entre