Adrian
O vento da noite cortava minhas peles, trazendo consigo o cheiro conhecido de madeira antiga e terra úmida. Mas havia outro aroma ali, um que fazia cada músculo do meu corpo se retesar: medo.
O medo dela.
Os sentimentos aflorado me fizera me transformar em minha forma mais voraz, mais feroz. Senti meus pelos crescerem, garras surgirem e em minutos eu estava em minha forma animal, pronto para protegê-la.
Meu coração — ou talvez fosse meu lobo — pulsava em descompasso, guiando meus passos pela floresta que se abria até a pequena casa. Cada folha esmagada pelo peso de minhas patas ecoava como um trovão nos meus ouvidos, mas nada era mais alto do que o som que vinha de dentro daquela casa.
As vozes.
— Você não tinha o direito! — a voz masculina, áspera, carregada de fúria.
E então a dela, quebrada, mas firme, tentando resistir:
— Eu só queria conhecer mais sobre a mamãe!
Um rosnado escapou de minha garganta antes mesmo que eu percebesse. O som rasgou a noite como uma lâmina, mas nã