Elara
Eu me lembrava, a cada batida do coração, que eu havia tocado em algo que nunca deveria ter sido meu segredo.
Foi então que ouvi.
O som seco da porta se abrindo. O estalo das botas contra o chão de madeira. A respiração firme, carregada de um peso que sempre me fizera encolher. Meu pai.
— Elara? — a voz dele ecoou pela casa, grave, carregada de autoridade.
Meu corpo inteiro enrijeceu. Fechei os olhos por um instante, como se o escuro pudesse me proteger, mas não havia como escapar. Quando o vi atravessar a soleira, os olhos fixos em mim eu sabia que ele tinha percebido que eu havia mexido no baú.
Ele parou no meio da sala, o olhar faiscando de fúria. As veias de seu pescoço saltavam, e as mãos se cerravam em punhos.
— O que você fez? — perguntou, a voz baixa, mas cada sílaba vibrava como um trovão prestes a explodir.
— Eu… — tentei falar, mas a garganta parecia um nó. Engoli em seco, buscando coragem. — Eu só… eu só queria conhecer mais sobre a mamãe.
O silêncio que se seguiu foi