(POV Selene)
Acordei com a sensação de que havia algo errado comigo.
Ou certo demais.
O teto rachado do galpão estava acima de mim, as frestas da madeira deixando entrar um fio pálido de luz. Respirei fundo e percebi na hora: o ar era diferente. Mais nítido, mais vivo. Eu conseguia distinguir o cheiro do ferro das correntes, do suor entranhado no chão, até mesmo da pólvora que Caelan espalhava só de birra.
Pisquei várias vezes, achando que estava sonhando. Mas quando virei o rosto, vi Ronan dormindo pesado, o braço caído sobre a espada, e Dorian encostado à parede, olhos fechados, mas sem entregar o corpo ao sono. Caelan, como sempre, não estava deitado. Estava na mesa, jogado, mas ainda assim atento.
Eu sabia: nenhum deles dormia de verdade. Nunca.
O selo queimou de leve no meu pulso, um latejo sutil que correu pela minha pele como se tivesse vida própria. Toquei a marca com a ponta dos dedos e estremeci.
Ontem à noite… Caelan.
O veneno dele ainda estava em mim. O gosto da boca dele,