Aos dezesseis anos, Kayla Prescott se prepara para deixar o colégio interno católico onde passou a vida inteira, vinculado ao orfanato que sempre chamou de lar. Tudo muda quando a instituição recebe uma notícia inesperada: seus pais biológicos foram encontrados, e ela será enviada para viver com eles. Mas o reencontro com sua verdadeira família reserva muito mais do que uma nova casa. Kayla terá que lidar com segredos enterrados, uma nova dinâmica familiar — e com Kaiden Prescott, um irmão que abala todas suas estruturas e que é mais velho do que ela três anos. Entre descobertas, tensões e sentimentos desconhecidos, a vida de Kayla está prestes a mudar para sempre. Ela vai descobrir segredos de um legado ligado tanto pelo sangue como pela Lua.
Ler maisP.D.V de Kayla A energia diante de mim crescia em proporções que desafiavam qualquer entendimento. Primeiro parecia uma estrela recém-nascida, um núcleo luminoso comprimido, mas logo percebi que não era apenas luz — era matéria em formação. Ela se alimentava de tudo ao redor: da força que fluía do meu ventre, do filhote em meus braços, de mim mesma, de Astéria. Até as pedras lunares na caverna, uma a uma, se apagavam ao terem sua energia drenada, como se estivéssemos sustentando um campo energético contínuo. Imagens surgiam em minha mente como explicações. O que eu via lembrava o processo de acreção planetária: partículas de energia condensada colidiam, fundiam-se e formavam massas cada vez maiores, atraídas pelo centro. O núcleo tornava-se mais denso, gerando calor e pressão, mas não buscava apenas brilhar como uma estrela — queria estruturar-se, solidificar-se, gerar um novo mundo. O espaço ao redor se distorcia, como se um campo gravitacional estivesse sendo tecido em tempo rea
P.D.V de Kaiden Eu sentia a ligação que havia entre nós. Já tinha compreendido que, no grande ciclo de renascimento, nossas deusas Selene e Hécate intervieram no fim daquele mundo, preservando espécies e fragmentos do equilíbrio. Kayla carregava a essência da Vida, herança de sua linhagem feérica por meio de Yen. Eu, por minha vez, era a essência da Destruição — não a corrompida, mas a parte boa, o equilíbrio que fora salvo pela deusa. E diante de nós estava ele: a parte corrompida. Mas, por trás de todo aquele ódio, eu sentia algo maior. Havia amor ali, um amor distorcido, ferido, mas ainda amor. Ele a reconheceu. Reconheceu Kayla como parte de sua mãe — aquela que tentou tanto protegê-lo que acabou por prendê-lo em um mundo criado por suas próprias mãos. Essa foi a manifestação do Dom da Vida de Yen: criar um refúgio para seu filho com Ian. O amor, percebi então, é mesmo algo incrível — capaz de moldar até realidades inteiras. E ali estava ela, minha Kayla, minha Luna. Estendendo
P.D.V de Kaiden Era estranho pensar que ainda víamos o vínculo de Vivienne e Maureen intacto — elas viveriam novamente em outra vida. No entanto, algo nos desconcertava: o vínculo entre Ivy e Ethan havia desaparecido por completo. Nem Kayla, nem eu conseguíamos compreender o porquê. Mas não havia tempo para mergulhar em respostas. Diante de nós estavam mais de quinze mil lobos e quase cinco mil vampiros, todos agora vinculados a nós, através de nosso filho. Por um instante, a dúvida nos atingiu como um peso esmagador: como lidar com tamanha responsabilidade? Então percebi a aproximação de sete Alfas. Reconheci quatro deles imediatamente: meu pai, o Alfa Richard; o pai de Stella, o Alfa Lucian; além do Alfa Levy Adler e do Alfa Marco Riccio. Os outros três me eram desconhecidos, mas suas presenças falavam por si. Suas auras eram poderosas e estavam despidos de toda corrupção. Eles nos revelaram que foram capturados e usados nos experimentos do Dr. James e de Vivienne, por isso sabía
P.D.V de Vivienne Me levantei e caminhei em direção ao cheiro e ao calor mais aconchegante que poderia sentir, mesmo em meio à destruição, ao sangue e aos corpos. Alguns ainda se desfaziam, outros já se refaziam. Era uma sincronia perfeita e aterradora. Até que a ouvi: — Quero que destruam o vínculo entre mim e Vivienne. Esse elo não nasceu do amor ou da escolha. Foi forçado, imposto e nos manteve presas a algo que nunca deveria ter existido. Estremeci. Encarei-a sem conseguir disfarçar o choque. Eu sentia sua dor como se fosse minha, lembranças me invadiram, trazendo de volta todo sofrimento, o dela e o meu. Lembrei do quanto ela sofreu, e do quanto eu falhei. Como bruxa, ela sempre soube disfarçar a dor, aplacando-a com facilidade. Nessa vida também foi usada, para carregar alguém importante mas agora estávamos livres. Eu ainda processava aquelas palavras quando outra sentença dela me tirou o ar: — Não é só isso. — disse com firmeza. — Quero que também quebrem o vínculo entre
P.D.V de Vivienne Desde o instante em que abri meus olhos novamente, após aquele momento de escuridão, eu a vi. Maureen estava ali, tão linda como sempre. Meu coração só desejava estar com ela, unido, inteiro, como sempre deveria ter sido. Minha alma gêmea. Mas ouvir o que ela pedia a Kaiden e Kayla foi como uma lâmina em meu peito. Doeu — e ainda assim, eu a compreendia por completo. E foi então, naquele silêncio entre nós, que tomei uma decisão definitiva. Uma escolha que também carregava o eco do que a própria Deusa me revelara. FLASHBACK Eu senti uma energia devastadora atravessando meu corpo como uma onda imparável. Era como se cada célula fosse rasgada, como se minha própria essência estivesse sendo dilacerada de dentro para fora. Ossos se quebravam, músculos se desfaziam, e até minha alma parecia se despedaçar em fragmentos invisíveis. O grito não saía da minha boca, pois até minha voz havia sido esmagada pelo peso daquela força absoluta. Por um instante que pareceu eterno,
P.D.V de Maureen Eu observei à distância, em silêncio, admirando o poder que emanava deles. Os lobos do destino. Cada um marcado de forma única, especiais à sua maneira. Ainda assim, mesmo entre dons tão grandiosos, havia escolhas que precisavam ser feitas. E agora era a minha vez de fazer um pedido. Há muitos anos, Luna Elizabeth havia me falado sobre o futuro de sua filha, Kayla e seu meio-irmão Kaiden. Desde então, carrego comigo o peso da escolha que fiz — um fardo que me dilacerou em silêncio. Mas naquele instante, senti que a hora havia chegado. Eu não podia mais adiar. Precisava fazer o pedido doloroso, mas que daria fim à décadas de dor e existência de sofrimento. Dei alguns passos à frente, lenta mas decidida. Eu compreendia bem a dor que pairava sobre aquele campo. Dor essa que não era nova para mim — já a vivi tantas vezes, em tantas formas, que até perdi a conta. Mais vezes do que qualquer coração poderia suportar. Notei quando Vivienne também se aproximou, então vi q
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