(POV Dorian)
O cheiro de sangue não se apaga fácil. Ele gruda na pele, nas roupas, no ar que respiramos. Para mim, já não é novidade. Faz parte de quem sou. Mas em Selene, cada gota grudada na pele é lembrança — do que ela fez, do que quase perdeu, do que ainda não entende.
Eu a vi.
Vi quando o selo quase a consumiu.
Vi quando os olhos dela brilharam como fera solta.
E, pior, vi quando ela não recuou diante de Ronan.
Esse é o perigo.
Não é o inimigo lá fora — é o que cresce dentro dela.
A madrugada avança devagar. O depósito está em silêncio, só o som das respirações pesadas preenche o espaço. Caelan está largado sobre a mesa, o braço pendendo como se tivesse morrido ali mesmo, mas com aquele sorriso maldito ainda preso nos lábios, como se sonhasse com veneno. Ronan dorme perto da porta, mas até em sono segura a lâmina com força. É pedra até sonhando.
E eu?
Eu não durmo.
Alfa não dorme quando há ameaça por perto.
Fico de pé, encostado na parede fria, braços cruzados, observando cada m