(POV Selene)
O sol filtrava pelas frestas quebradas do depósito, riscando o chão com linhas douradas. O cheiro de ferro, suor e terra molhada já fazia parte do ar que eu respirava. Meu corpo estava coberto de hematomas, os músculos doíam como se fossem explodir, mas nada disso importava.
Hoje era dia de roda.
E Ronan não perdoava.
Ele girava uma adaga entre os dedos como se fosse extensão da própria mão. O olhar escuro, duro, me pesava mais do que o metal frio que eu segurava.
— Foco, Selene. — A voz dele cortou o silêncio, seca, certeira. — Não perca sua cabeça.
Rosnei baixo, apertando a adaga até os dedos doerem. — Você que me tira do foco.
O metal quase escorregou da minha mão, mas segurei firme.
Ronan estreitou os olhos. — O inimigo não vai cair se você pensar em mim quando devia pensar na lâmina.
O peito ardeu. Eu podia negar, fingir que não entendi a indireta. Mas não adiantava.
Porque eu pensei nele.
E penso ainda.
O beijo.
Rápido, roubo, choque. O gosto metálico de sangue e ur