(POV Selene)
O depósito parece mais sufocante depois daquela noite.
Mesmo com as lâmpadas fracas piscando, sinto que as sombras respiram comigo, como se me observassem. Ronan ajeita as armas sobre a mesa com a paciência de quem prepara um campo de batalha. Dorian, no canto, não tira os olhos de mim.
E eu? Tento ignorar o calor que ainda pulsa sob a pele.
— De novo. — Ronan joga um bastão de madeira na minha direção. — Você precisa aprender a sentir antes de ver.
Seguro o bastão com as duas mãos, tentando disfarçar o tremor dos dedos.
— Se eu continuar apanhando, vou quebrar os ossos antes de aprender qualquer coisa.
— Ossos quebram. — Ele ergue o próprio bastão. — Vidas não voltam.
A resposta dele é seca, mas verdadeira. O estômago se contrai, e penso nos olhos amarelos da noite anterior.
Dorian finalmente fala, a voz baixa, mas carregada de tensão:
— Ela não está pronta.
— Nunca vai estar se você continuar protegendo cada passo. — Ronan não olha para ele. — O mundo não dá trégua, Dor