(POV Selene)
As ruínas não tinham nada de refúgio. O ar ali parecia mais pesado do que a própria pedra. O frio subia do chão, atravessando minhas botas, e o silêncio não era de paz — era o tipo de silêncio que gruda na pele, como se a noite tivesse parado só para observar.
Dorian me guiou até uma pedra larga, e só quando soltei a respiração percebi que ele ainda segurava minha mão. O contato era firme, quase possessivo, mas… demorou um segundo a mais para ele soltar. Quando finalmente o fez, parecia um corte, como se o calor tivesse ficado preso entre nós.
— Sente-se. — A voz dele era baixa, quase um comando.
Obedeci, mais pelo cansaço do que pela autoridade. Mas antes que pudesse descansar, Ronan já estava em pé diante de mim, um par de lâminas nas mãos. O brilho frio refletia o fogo que ele não tinha nos olhos.
— Não vai dormir agora. — Ele me estendeu uma das lâminas. — É hora de aprender a usar isso.
Olhei para a faca como se fosse uma cobra enrolada.
— Você é maluco? — resm