(POV Elias Drave)
O barulho da chuva era pior do que o silêncio.
Pingava das pedras, escorrendo até o chão de terra batida, e cada gota parecia um segundo a menos de vida.
A clareira da matilha estava cercada.
Lobos por todos os lados, olhos dourados brilhando no escuro, respiração contida.
Ninguém falava, mas eu sentia a acusação neles.
O forasteiro.
O inimigo.
O caçador que trouxe desgraça à fenda.
Amarraram minhas mãos com cordas grossas, não por necessidade — o selo me prendia mais que qualquer nó —, mas por ritual.
O ar cheirava a ferro, suor e medo antigo.
E, acima de tudo, à expectativa.
Eles queriam um culpado.
E eu sempre servi bem nesse papel.
Dorian estava à frente, de pé sobre a pedra do julgamento.
A postura dele era firme, mas os olhos... os olhos diziam o que a boca não podia: ele não queria me matar.
Só não sabia como me deixar viver.
Ronan estava à direita, braços cruzados, o olhar de fera domesticada à força.
A raiva dele era quase palpável.
Já me espancou uma vez —