Isabela corria pelas ruas de São Paulo, cada passo ecoando a urgência que pulsava em seu peito. A adrenalina era um combustível poderoso, fazendo suas pernas se moverem mais rápido do que seus próprios pensamentos. O barulho dos carros, as vozes dos pedestres e o cheiro de comida de rua criavam um cenário vibrante, mas ela mal percebia o mundo à sua volta. Sua mente estava focada em uma única coisa: encontrar Rafael antes que fosse tarde demais.
A mensagem dele queimava em sua memória: “Eles estão atrás de mim. Você precisa se esconder.” Cada palavra era um alerta, um lembrete de que ela havia se envolvido em algo muito maior do que imaginara — algo perigoso, mas também irresistível. Isabela se esgueirou por uma viela, os sentidos aguçados. O barulho da cidade se dissolveu em um zumbido distante. No chão, um objeto brilhou sob a luz fraca: um distintivo da polícia. O coração dela disparou. Rafael já havia mencionado que a polícia poderia estar envolvida, mas até que ponto? Rapidamente, guardou o distintivo na bolsa. O que mais ainda estava oculto? A confiança em Rafael sempre fora frágil, e agora ele parecia mais um enigma do que uma solução. As palavras de Tânia ecoaram em sua mente: “Isabela, não se deixe levar por esse homem! Ele pode ser sua salvação ou sua perdição.” Mas a linha entre salvação e perdição era cada vez mais nebulosa. A atração por Rafael a puxava para o abismo. A cada esquina, a tensão crescia. Ela precisava encontrá-lo — e descobrir, finalmente, o que ele realmente escondia. A imagem dele, com aquele olhar penetrante e o sorriso que desafiava a lógica, fazia seu estômago revirar. Era um jogo perigoso, e ela estava completamente envolvida. Mas quem era o verdadeiro jogador? Finalmente, avistou a pequena cafeteria que Rafael mencionara em outras ocasiões. Um lugar discreto, ideal para encontros que não deveriam chamar atenção. O coração de Isabela batia acelerado. Entrou, envolvida pelo aroma de café fresco e pelo murmúrio de conversas baixas. Escolheu uma mesa no canto, de onde podia observar todos ao redor. Poucos minutos depois, ele apareceu. Rafael entrou e seus olhos a encontraram de imediato. Havia algo diferente em seu semblante — mais tenso, mais sombrio, como se carregasse o peso de um segredo insuportável. — Isabela — disse, a voz baixa e controlada. — Você não deveria estar aqui. — E eu deveria acreditar que está preocupado comigo? — O sarcasmo escapou antes que conseguisse segurar. — Você não parece exatamente um modelo de inocência. Rafael se inclinou para frente, os olhos fixos nos dela. — Não é sobre você, Isabela. É sobre o que eles sabem. Eles estão cada vez mais perto, e a polícia está envolvida. Precisamos agir rápido. O estômago dela se revirou. — O que você sabe sobre isso? O que ainda não me contou? A tensão era palpável, como uma corda esticada ao limite. — Eu tenho informações, mas não posso te passar tudo agora. É arriscado demais. — Arriscado? — Isabela ergueu a voz, atraindo olhares. — Eu sou a repórter aqui, Rafael! Estou tão envolvida quanto você. Se não me contar tudo, não posso te ajudar! — Você não entende, Isabela. Há coisas que ainda não pode saber. Ela se recostou na cadeira, cruzando os braços. — E se eu não quiser mais estar nesse jogo? Os olhos de Rafael brilharam com intensidade. — Você não pode sair agora. Eles não vão parar até que você seja eliminada. E eu não posso permitir que isso aconteça. Aquela proteção dele... seria amor ou apenas instinto de sobrevivência? A dúvida corroía Isabela. — E se você estiver mentindo? — desafiou, num sussurro feroz. — E se for só mais um jogador nesse tabuleiro? Rafael não desviou o olhar. — Então você pode me deixar. Mas isso significaria colocar sua vida ainda mais em risco. Às vezes, a única maneira de entender a verdade é se atirar no perigo. O silêncio que se seguiu foi denso, pesado. Isabela percebeu que toda sua trajetória a levara àquele momento. O desafio, a atração, a incerteza — tudo fazia parte de um jogo mortal. — Então vamos jogar. — A decisão brilhou em seus olhos. — Mas quero todas as cartas na mesa, Rafael. Não vou jogar no escuro. Um lampejo percorreu o olhar dele — respeito, talvez algo mais. — Então prepare-se para a tempestade. Porque o que vem a seguir pode mudar tudo. E assim, em meio ao caos da cidade, os dois selaram uma aliança frágil, um pacto entre o fogo e o desejo — dispostos a enfrentar as sombras que os espreitavam.