P.O.V. Ana Rossi Villeneuve
O vento cortava as colinas como uma respiração antiga.
O avião já havia pousado há horas, mas Ana ainda observava o horizonte pela janela do carro.
O País B parecia o mesmo — o mesmo céu pálido, o mesmo perfume de terra úmida e chá amargo.
Mas ela não era mais a menina que partira dali.
O carro atravessou as ruas estreitas da vila costeira.
Casas baixas de pedra, portas pintadas em azul, cortinas finas movendo-se com o vento.
As pessoas a olhavam como se pudessem reconhecê-la, mesmo depois de tantos anos — como se o sangue tivesse memória.
Ana ajustou o lenço de seda em torno do pescoço.
O frio cortava, mas o que a fazia tremer era outra coisa — o peso de tudo o que descobrira desde que Luana Monteiro desaparecera.
E o medo do que ainda restava descobrir.
A Casa das Lembranças
A casa dos Villeneuve ficava no alto do penhasco, cercada por pinheiros e o som do mar.
Quando Ana desceu do carro, o ar tinha cheiro de lavanda e maresia.
A porta se abriu antes que