CAPÍTULO 127
Quando o amor cala, o vazio responde
Alinna Tavares
A rede balançava devagar, rangendo suave, como se soubesse o peso do corpo e do coração que ela carregava. O diário descansava sobre o colo, a caneta entre os dedos trêmulos. O vento do fim de tarde trazia cheiro de mar, mas os olhos de Alinne estavam longe, muito longe dali.
Hoje decidi escrever não sobre este momento aqui nas Maldivas, mas sobre o que ficou para trás. Quero registrar, para mim mesma, como foram aqueles dias que me moldaram e me feriram sem que eu percebesse. Vou tentar ser breve... mas sincera. Este é o relato do meu segundo ano de casada com Eduard."
Ela fechou os olhos por um instante, respirou fundo e deixou a memória abrir a porta.
FLASHBACK — Segundo ano de casamento
O despertador não precisava tocar; 6h30 sempre chegava do mesmo jeito. O escuro ainda encostado nas janelas, o frio do mármore no primeiro passo, o cheiro de casa fechada que a noite deixa. Eduard se levantava em silêncio, atrave