CAPÍTULO 126
Quando a verdade chega tarde demais
O celular descansava sobre a mesa, como um corpo depois da guerra. A tela escura refletia o rosto de Alinna — inchado, vermelho, úmido — e o de Caio logo atrás dela, tenso, quieto, carregando a dor de quem queria resolver o que nunca pôde.
O silêncio era grosso, feito de lágrimas engolidas. Alinna respirava rápido, como se cada fôlego fosse uma luta.
— Amor… — Caio começou, hesitante, a voz baixa, quase temendo quebrar mais um pedaço dela. — Vocês nem dormiam juntos. Por quê?
Ela fechou os olhos, engoliu em seco. Quando falou, a voz veio fraca, mas certeira:
— Eu achava que ele não me amava, Caio.
O olhar dela se perdeu no vazio, como quem revisitava corredores escuros.
— Foi exatamente como ele falou… — continuou, os dedos apertando a própria perna. — Ele saía cedo, eu não via. Chegava tarde, eu já estava dormindo. E foi assim… por anos. Eu não sabia mais como era dividir um jantar, ou deitar sabendo que ele ia me abraçar. A cama era