CAPÍTULO 122
Quando o passado pede colo e o futuro pede coragem.
E Caio, sentado ao lado, a observava com devoção silenciosa, guardando para si uma única certeza: faria de tudo para que ela nunca mais tivesse vontade de se lançar de uma ponte. Porque agora, o lar dela estava ali. No peito dele.
— Caio.
— Hum.
— Então era disso que você falava quando nos conhecemos?
— Do quê, vida?
— Você sempre sonhou em me trazer aqui?
Ele sorriu de canto, sem pressa, como quem abre uma lembrança com as duas mãos para não rasgar.
— Sabe, Alinna… eu só queria fugir com você. Te tirar daquela vida. Não tirar você dos seus pais — nunca —, mas te arrancar da dor. Havia dias em que eu saía da escola mais cedo e ficava te vendo cuidar da sua mãe doente: você sorria chorando. Depois, você erguia o teu pai bêbado, ouvia o pedido de perdão dele, e ainda encontrava espaço pra amar os dois… Eu te via ir pro riacho; te via sonhar com outra vida além daquela; te via chorar, e, quando eu me aproximava, você me rec