CAPÍTULO 149
Quando a dor vira fúria
CAIO MOREAU BASTIEN
O quarto estava mergulhado num silêncio podre, como se até as paredes zombassem da minha fraqueza. Eu ainda estava no chão, o corpo pesado, os punhos ardendo em carne viva. A respiração vinha em soluços, rasgando o peito. Olhei para o lado. O celular estava caído a poucos metros, a tela quebrada, mas acesa.
Arrastei-me até ele, os braços tremendo, o corpo inteiro latejando de dor. Cada centímetro parecia uma eternidade. Peguei o aparelho com as mãos sujas de sangue e respirei aliviado ao ver a tela acender de novo.
Dez chamadas perdidas. Todas dela.
O coração disparou. Abri a notificação. Uma mensagem de voz. Apertei o play.
— Atende, seu covarde… — a voz dela explodiu na sala. Tremia, mas vinha carregada de dor e raiva. — Atende, Caio. Fala pra mim que você não vai deixar eu me apaixonar por outro homem. Vai deixar eu sentar, cavalgar em outro?
Senti o chão abrir sob mim.
— E tudo que você me falou? — ela chorava na gravação,