CAPÍTULO 148
Quando até o silêncio trai
LUCAS SANTORO
A água quente ainda escorria pelo meu corpo quando desliguei o chuveiro. Enrolei a toalha na cintura e saí. O apartamento parisiense estava silencioso, só o ruído distante da cidade noturna, abafado pelas paredes grossas.
Caminhei até a sala, larguei a toalha no encosto da poltrona e fiquei diante da janela, sem camisa. As luzes da cidade refletiam no vidro, e era por esse reflexo que eu a observava.
Alinna estava sentada no sofá, a postura ereta, mas os olhos cansados. Segurava um livro aberto, mas não lia. O olhar dela, por um instante, se ergueu e encontrou o meu — não direto, mas no reflexo da vidraça. Meu coração disparou.
Porra, Caio… pensei. Se ela me olhar de verdade, só uma vez, eu juro que me entrego a ela.
Virei-me devagar, como quem não suporta mais esconder. A voz saiu baixa, rouca:
— Aceita tomar um vinho, Alinna?
Ela fechou o livro sem ler uma linha sequer.
— Lucas… não sei se devemos.
Cruzei a sala, peguei a garra