CAPÍTULO 124
Quando o passado se abre em tela
Os dias nas Maldivas tinham deslizado como seda entre os dedos. Passeios de barco sob o pôr do sol, jantares à luz de tochas na areia, risos que se misturavam ao barulho das ondas. Por algumas noites, Alinna acreditou que a vida podia ser feita apenas de presente. Caio adormecia cedo, exausto das caminhadas e da entrega em cada gesto, enquanto ela ficava na rede, embalando pensamentos ao som do mar.
Naquela madrugada, porém, algo diferente a puxou da calma. Uma frase da carta de Eduard ressurgiu inteira na memória:
"Guarde esses celulares. É seu. Ali tem coisas que você precisa ver."
O coração dela acelerou. Sentou-se na rede, os pés tocando a madeira fria do deck. Caminhou até a pasta de couro guardada no canto do quarto. A aba rangeu quando ela a abriu. Os dois celulares estavam lá, intactos, como fantasmas adormecidos.
Alinna pegou o primeiro, o oficial. A tela desbloqueou sem senha. Navegou pelas conversas: e-mails de acionistas, grup