Mikhail Vasiliev
Eu contei a Sergei como foi minha visita à casa de repouso onde minha mãe estava e o que a enfermeira disse. Contei tudo sem rodeios.
— Ele tentou entrar duas vezes. — falei, olhando para os relatórios em minhas mãos. — Sem identificação. Fez perguntas diretas: nome completo dela, se recebe visitas, se tem dias fixos de médico. Foi barrado. Voltou no dia seguinte. Mesma ladainha.
Sergei cruzou as pernas, pegou a caneta como quem segurava um bisturi.
— Descrição? — ele perguntou.
— Terno cinza, barba rala, sotaque que não era daqui, mas a enfermeira não soube dizer se era italiano, só disse: “não era russo”.
— Pode ser uma isca. — ele disse, calmo demais. — Te cutucam no ponto fraco pra te tirar do eixo.
— Não vai funcionar. — Fechei a pasta. — Vamos trazer minha mãe pra casa o mais rápido possível. Não posso arriscar deixar ela naquele lugar sem proteção.
Sergei me encarou com aquele jeito estranho de quando não tinha certeza se concordava com minha ideia.
— Para esta