Alena Petrova
Eu e minha mãe deixamos para trás aquele galpão e todas as memórias que grudavam nas paredes como poeira velha. Não foi fácil, mas havia um certo alívio em respirar o ar de outro lugar, mesmo que o peito ainda doesse.
Decidimos nos mudar e encontramos uma casinha simples na cidade vizinha. Nada luxuoso, mas tinha uma varanda pequena que pegava sol de manhã, e eu me apaixonei pelo barulho suave das folhas batendo na janela. Minha mãe passava horas sentada ali, como se cada raio de sol fosse um remédio para curar as cicatrizes invisíveis que ela carregava.
No começo, ela parecia frágil, como se qualquer vento mais forte pudesse derrubá-la. Mas, pouco a pouco, vi aquela mulher que eu sempre admirei voltar a respirar fundo, cozinhar, até arriscar cantarolar enquanto mexia uma panela. E eu sabia o quanto isso significava.
Numa dessas manhãs, quando o cheiro de café fresco enchia a cozinha, minha mãe me chamou para sentar. A expressão dela era séria, mas havia uma calma que e