Mikhail Vasiliev
O dia correu como um tabuleiro virando. Eu dei ordens, Sergei aparou arestas, planejei a vinda da minha mãe para cá, subiram uma cama hospitalar discreta, entraram equipamentos que não pareciam equipamentos. Roteiros de fuga, postos cegos, tudo cruzado. Era assim que eu respirava.
Anoiteceu sem pedir licença. A casa foi murchando em passos. Quando finalmente empurrei a porta do quarto, a cabeça pesava.
Alena ergueu os olhos do que parecia um livro. Era uma bíblia? E se sim, onde ela conseguiu isso, já que não lembrava de ter visto antes…
— Tudo bem? — perguntou ao erguer os olhos para mim.
— Sim. — Tirei o casaco, soltei o relógio. — E você?
Ela pousou o livro de lado.
— Sobre aquilo mais cedo… — começou, já meio sem graça. — Eu queria pedir desculpa. Eu não devia ter feito aquilo.
— Tudo bem. — Sentei na cama, tirando os sapatos. — Só não repete. É um erro.
Ela assentiu, rápido.
— É que… — mordeu o lábio. — Se minha mãe estiver em perigo…
— Eu vou dar um jeito nisso,