O sol atravessava as frestas da ONG Raízes do Morro como uma bênção silenciosa. Na sala improvisada de enfermaria, Zóio dormia mais tranquilo. A respiração, antes irregular, agora tinha ritmo. Havia esperança nos olhos de quem passava por ele.
Do lado de fora, o trabalho não parava. Isis caminhava pela quadra, onde os jovens treinavam para o campeonato. O barulho das luvas batendo no saco, as risadas, os gritos de incentivo — tudo pulsava com vida.
Neumitcha cruzava a quadra com uma cesta cheia de esmaltes e pentes.
— Vai ter campeonato e vai ter beleza, meu amor. Esse morro não vai perder no estilo!
Doquinha organizava cordas novas no ringue. Barril distribuía uniformes personalizados. E Bê? Com uma bota ortopédica no pé esquerdo, tirava onda:
— Não tem desculpa, hein! Eu vou com um pé só e ainda ganho esse troço!
— Fica no deboche não que eu boto pra correr com essa muleta — retrucou Neumitcha.
Risos estouraram pela quadra. Mas havia tensão escondida no fundo dos olhos. Zóio ainda n