O dia amanheceu sem sol. Só a luz trêmula da luminária sobre o rosto de Zóio. Ele respirava. Estava vivo. Mas a alma ainda parecia longe. O silêncio da clínica da ONG engolia tudo, como se o morro esperasse por respostas também.
Isis estava sentada ao lado da cama. Não dormira. O rosto cansado, os olhos inchados, mas o semblante firme, como uma rocha que resiste ao impacto das ondas. Theo entrou em silêncio, com dois copos de café numa bandeja de isopor. O cheiro quente quebrou o clima tenso por um segundo.
— Dormiu? — perguntou Theo, entregando o café.
— Só com o olho aberto. — Ela respondeu, sem tirar os olhos de Zóio.
— Ele falou mais alguma coisa?
— Não. Só... aquilo ontem.
Theo assentiu. A palavra "Torres" ainda martelava dentro do peito dele. Ninguém entendia, mas ele, sim. E por isso, o sono fugia há noites.
Isis tomou um gole de café. Depois murmurou, como se tentasse se convencer de algo.
— Acho que ele misturou as coisas, sabe? Pode ter ouvido nome de policial, de soldado...