O comboio subiu as vielas do Morro da Kerosene não com a urgência da fuga, mas com a solenidade de uma procissão. À medida que avançavam, as luzes das casas se acendiam, uma a uma, como velas a saudar o regresso. Não havia gritos de festa, não havia fogos de artifício. Havia algo mais poderoso: um silêncio respeitoso, uma comunidade que esperava em vigília.
Quando os carros pararam em frente à ONG Raízes do Morro, a multidão já estava formada. Eram mães, crianças, idosos, os meninos do corre, a turma do samba. Todos ali, em silêncio, os rostos iluminados pela luz quente que emanava do pátio.
A porta da van se abriu. Corvo desceu primeiro, o seu rosto um misto de exaustão e dever cumprido. Ele estendeu a mão para Isis, que desceu em seguida. E então, ele apareceu.
Theo.
Ele parou na porta do veículo por um instante, a luz da ONG a banhar o seu rosto magro e cansado. Ele viu a sua gente. A sua comunidade. As pessoas que, por causa dele, quase perderam tudo, mas que agora o recebiam