Um ano depois...
O sol banhava o Morro com uma luz nova, quente e generosa. O ar, antes pesado com o cheiro de pólvora e medo, agora carregava o aroma de bolo de fubá vindo da cozinha comunitária, o som de risadas de crianças a ecoarem na quadra e a batida de um pagode suave que vinha do salão de Neumitcha. As paredes, antes marcadas por balas, agora ostentavam murais coloridos, pintados pela turma do grafite liderada por um Bê completamente recuperado.
A queda do General Torres fora o escândalo do século. As provas irrefutáveis, amplificadas pela voz da comunidade, levaram a uma condenação exemplar. O sistema, forçado a confrontar a sua própria podridão, teve que cortar na própria carne. E o morro, pela primeira vez, assistiu à justiça a ser feita, não a ser negociada.
Na quadra, Bê, sem mancar, corria atrás de uma bola com os meninos do projeto de futebol. A sua risada era o som mais puro da vitória. Jade, da lateral, o observava com um amor sereno, a mão a pousar discretament