EDUARDO
Eu vi tudo da porta.
Fiquei ali, parado no corredor, como quem espiona a própria vida. A luz do abajur do quarto do Enzo desenhava sombras suaves no rosto da Sofia, e o jeito como ela segurava nosso filho era... sagrado.
Sim, nosso.
Não porque nasceu dela. Mas porque ela o acolheu com o peito aberto e o coração inteiro, quando ninguém mais queria lidar com um bebê quebrado por uma tragédia.
Ela o pegou nos braços quando eu mal conseguia olhar pra ele.
E agora, ela estava ali, deitada ao lado dele, dizendo tudo o que meu filho precisava ouvir. O que eu mesmo não sabia como dizer.
“Amor não divide, amor multiplica.”
Essas palavras me atravessaram. Como uma flecha certeira no meio do peito.
Porque a verdade é que eu estava com medo.
Um medo que eu tentava esconder com silêncios, com trabalho, com aquela máscara de homem forte que não sente, que aguenta tudo.
Mas ali, naquela fresta de porta, com meu filho se aninhando no colo da mulher que ele chamava de mãe com tanta verdade, eu