ISABELLA
Fechei a porta com cuidado, como se qualquer ruído fosse profanar o que eu carregava nas mãos. O envelope tremia. Ou talvez fosse só eu. Me sentei no chão da sala, encostada na parede, com as pernas dobradas e o coração disparado.
Respirei fundo três vezes antes de ter coragem de abrir.
A letra torta de Enzo me encarava. Eu passei os olhos por cima, depois voltei, linha por linha, como se cada palavra merecesse atenção redobrada. E, quando cheguei ao fim, não consegui conter o choro.
Era como se meu filho tivesse colocado cada ferida dele num papel e me confiado a missão de não abrir mais nenhuma.
"Eu gosto de você. Mas eu tenho medo também."
Essas palavras me atravessaram como faca. Não só porque vinham de uma criança, mas porque eu as entendi. Porque, por tanto tempo, eu também tive medo.
Medo de não saber ser mãe. Medo de encarar a dor de tudo que deixei pra trás. Medo de fracassar — de novo.
E naquele medo, eu fugi.
Achei que estava sendo forte quando fui embora. Achei qu