SOFIA
A manhã nasceu devagar, como se o mundo soubesse que o dia precisava ser mais leve. O sol entrava pelas janelas da sala, espalhando uma luz suave, quase reconfortante. Enzo estava no tapete, concentrado, os olhos fixos na folha em branco diante dele, como se o papel fosse o único lugar onde ele poderia colocar tudo o que sentia. Seu lápis colorido estava apertado entre os dedos pequenos, a língua ligeiramente entre os dentes, como se estivesse tentando desenhar um mundo inteiro com aquelas palavras.
— Você quer ajuda com as palavras? — perguntei, me aproximando, sentando ao seu lado, com uma folha em branco na mão.
Ele não me olhou, mas respondeu com firmeza:
— Não. Quero escrever do meu jeito. Pra ela entender como eu falo.
Eu assenti, respeitando o espaço dele, compreendendo a necessidade de expressar-se sozinho, à sua maneira. Peguei outro pedaço de papel e comecei a rabiscar ao lado, de forma distraída, apenas para que ele não se sentisse pressionado.
Eduardo entrou co