ISABELLA
Eu estava parada diante da porta mais simbólica da minha vida. Uma simples folha de madeira separava o ontem do agora. Respirei fundo, tentando controlar a ânsia no estômago. Nas mãos, levava um livrinho infantil com ilustrações de dinossauros. Nada muito especial. Mas era o que eu conseguia oferecer: um começo pequeno, sincero.
O som da campainha ecoou como um trovão.
A porta se abriu devagar. Sofia.
Ela me olhou com calma, mas os olhos sempre atentos. Como uma sentinela que protege o que ama.
— Ele tá lá no quarto. Eduardo explicou que você viria. Ele... ficou quieto, mas quis esperar você.
Assenti, grata por aquela chance.
Ela se afastou e me deu passagem. Entrei.
A casa ainda tinha aquele cheiro de vida que me desmontava. Brinquedos no canto da sala, um copo de suco esquecido sobre a mesa. Era ali que meu filho crescia. Sem mim.
Caminhei pelo corredor até a porta entreaberta do quarto.
Ali estava ele.
Sentado no chão, com um carrinho nas mãos. O cabelo bagunçado. A expres