EDUARDO
A noite avança devagar, como se respeitasse a paz que finalmente conquistamos.
Ficamos na rede por mais alguns minutos, só ouvindo os sons da natureza e o sussurro das nossas respirações sincronizadas. Às vezes ela fecha os olhos e sorri, e eu fico só olhando. Guardando cada detalhe. O jeito como os cílios tocam a pele, como os lábios se curvam com leveza, como o peito dela sobe e desce com tranquilidade.
— Tá me encarando por quê? — ela pergunta, sem abrir os olhos, com a voz suave.
— Porque você é minha visão favorita — respondo, sem pensar.
Ela abre os olhos devagar e me olha com ternura.
— Às vezes eu acho que ainda tô sonhando — diz baixinho. — Depois de tudo o que vivemos, acordar ao seu lado todos os dias... ver o Enzo sorrindo, saber que estamos seguros... É mais do que eu ousei pedir um dia.
— Não é sonho — digo, passando os dedos pelo cabelo dela. — É real. Você é real. Essa paz que construímos... é só o começo.
Ela se ajeita no meu colo, como se aquele fosse o lugar