SOFIA
Acordo com o cheiro do café recém-passado e o calor aconchegante do sol entrando pelas frestas da cortina.
Demoro alguns segundos para me situar, e acreditar que tudo era real.
Então sorrio.
É real. É tudo real.
A aliança no meu dedo brilha sob a luz da manhã. E, quando me viro, Eduardo está encostado na porta do quarto, segurando uma bandeja de café da manhã.
— Olha só quem resolveu dormir até tarde — provoca ele, com aquele sorriso torto que me faz esquecer do mundo.
— Eu sou uma mulher casada agora — respondo, rindo. — Preciso recuperar as energias.
Ele caminha até mim, pousa a bandeja na cama e se senta ao meu lado.
— Você vai precisar de muita energia — diz, com a voz rouca que me faz arrepiar.
Sorrimos, cúmplices, sem pressa.
Enquanto comemos, conversamos sobre planos simples: um piquenique no parque, um cinema com Enzo, um fim de semana na praia.
Coisas pequenas que antes pareciam inalcançáveis.
Fico em silêncio por um instante, olhando para ele. A coragem vem aos poucos,