Vozes Queimadas

A noite parecia suspensa, como se o tempo hesitasse em continuar. Helena estava sentada em sua nova cozinha — azulejos frios, paredes pálidas, silêncio denso — enquanto encarava uma xícara de chá que já esfriara. Seus olhos estavam vermelhos. Mas não era apenas cansaço. Era um luto estranho. Um luto por algo que ainda existia.

Na tela do notebook, a matéria continuava ali, intacta. O título, a imagem dele no palco, a linha do tempo de suas ascensões, os indícios que conectavam os desaparecimentos. Tudo revisado. Tudo pronto. Bastava um clique.

Mas ela hesitava.

A dúvida queimava.

Ela lembrava da noite em que se conheceram oficialmente — o camarim abafado, o cheiro de suor e madeira molhada, a voz dele rouca, insegura, mas envolvente. Lembrava do toque dos olhos dele nos seus. Da maneira como não parecia encenar, mesmo sendo um ator completo da própria vida. Como, mesmo escondendo tudo, ele parecia implorar por aceitação.

E agora... havia silêncio.

Não havia cartas. Não havia músicas n
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