O cheiro de ferrugem e suor impregnava as paredes da cela. A umidade parecia grudar na pele como uma sentença. Lucas Valdez, ou Lucky Valley, estava ali havia pouco mais de dez horas — mas para ele, pareciam anos.
Deitado sobre o colchão fino e mofado, os olhos cravados no teto, ele não dizia nada. Não se defendia. Não perguntava. Não comia. Não dormia.
Só ouvia.
Os gritos de outros detentos, os passos ritmados dos carcereiros, o estalo seco da porta de ferro ao fechar, o tilintar das chaves. Tudo soava como um coral de fundo para os pensamentos que não lhe davam trégua.
Mas havia um som mais alto, mais persistente, mais cruel do que qualquer outro: a memória da voz dela.
“Lucas…”
Foi como se o nome tivesse rompido um véu. A única palavra dita por Helena antes de tudo ruir. A única palavra que agora ecoava incessante em sua cabeça.
Ele se levantou lentamente, as mãos trêmulas, a barba por fazer, os olhos mais escuros do que nunca. Andou até o espelho rachado da cela. Olhou-se como que